Quando se fala de custos ambientais na agropecuária, em grande medida refere-se às quantidades maciças de dejetos. Tanta merda, tão mal gerida, que chega aos rios, lagos e oceanos - matando a vida selvagem e poluindo o ar, a água e a terra de um modo devastador para a saúde humana.
Hoje em dia, uma unidade de produção de suinos produz 3,2 milhões de quilos anuais de estrume, uma unidade típica de produção de frangos de carne produz 3 milhões de quilos e uma unidade de engorda pecuária normal produz mais de 150 milhões de quilos.
O (GAO) General Accounting Office diz que só uma unidade de criação "pode gerar mais desperdícios do que as populações de certas cidades americanas". O poder poluidor do estrume é 160 vezes maior do que os esgotos municipais. No entanto, não há quase infra-estrutura de tratamento de desperdícios para animais de criação - não há casa de banho, obiamente, mas também não há esgotos, não há ninguém que leve os desperdícios para serem tratados e quase não regulamentação federal para o que lhes acontece. O que acontece a esses excrementos?
Só a Smithfield (americana) abate cerca de 31 milhões de animais. Cada porco produz duas a quatro vezes mais excrementos que uma pessoa. Para entender o efeito da libertação desta quantidade de merda para o ambiente é preciso saber qualquer coisa sobre o conteúdo: "amónio, metano, sulfureto de hidrogénio, monóxido de carbono, cianeto, fósforo, nitratos e metais pesados. Além disso os excrementos dos porcos criados na pecuária industrial albergam mais de 100 elementos patogénicos microbianos que podem causar doenças nos seres humanos, entre eles salmonela, criptosporidium, estreptococos e girardia". Outros desperdícios ainda incluem: bácoros nado-mortos, secundinas, bácoros mortos, vómito, sangue, urina, seringas de antibióticos, frascos partidos de insecticidas, pelos, pus e mesmo partes de corpos.
Os escoamentos chegam aos cursos de água e gases venenosos como a amónia e o sulforeto de hidrogénio evapora-se para o ar. Se tudo correr como o planeado, os detritos liquefeitos são bombardeados para "lagoas" imensas, adjacentes às instalações dos porcos. Estas lagoas tóxicas podem cobrir mais de onze mil metros quadrados e chegar a uma profundidade de 9 metros. Mais de uma centena destas latrinas imensas podem circundar um único matadouro. Estudos mostram que essas lagoas de excrementos emitem químicos atmosféricos tóxicos que podem causar problemas inflamatórios, imunitários, irritativos e neuroquímicos nos seres humanos.
Enquanto isso as figuras de poder que mais interessam - nós os consumidores - continuamos passivos. Até agora não exigimos qualquer moratória nacional e muito menos uma dissolução progressiva. Tornamos a Smithfield e outros tão bastados que podem investir centenas de milhões de dólares para expandirem as suas operações para o estrangeiro. Até dada altura com instalações apenas nos estados Unidos, a Smithfield espalhou as suas operações por vários países, incluindo Portugal.
Fonte: "Comer Animais" - J.S.F.
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