sábado, 27 de abril de 2013

PORCOS



Não se pode negar que os seres humanos tem muito em comum com os porcos, embora as pessoas sintam em geral uma certa relutância em admitir estas semelhanças.Tal como nós os porcos, sonham e vêem cores. 




Tal como nós, e também como os cães e lobos, os porcos são animais sociais (nas noites quentes de verão, os porcos aconchegam-se uns aos outros e gostam de dormir com os focinhos lado a lado).


Os leitões são especialmente dados a brincadeira, tal como as crianças humanas, e correm atrás uns dos outros, simulam lutas, cenas de amor, cambalhotas, enfim, gostam de todo o tipo de atividades divertidas. Tal como as crianças, apreciam o afeto,  gostam de brinquedos, tem dificuldade em concentrar-se e aborrecem-se facilmente.





Os porcos mostram amizade por outros porcos de várias maneiras: por vocalização simples, pela linguagem corporal, pela escolha dos porcos com quem dormem, com quem partem nas suas explorações e com quem passam o dia. É fácil presenciar a interação e o afeto entre os porcos quando se cumprimentam  focinho com focinho, por vezes com grunhidos amorosos – com cumprimentos doces, de boca aberta, nas alturas em que estão com o cio, ou talvez apenas quando se sentem mais afetuosos.


Os porcos aborrecem-se facilmente com uma alimentação pouco variada. Gostam de melões, de bananas e de maças, mas, se forem obrigados a comer qualquer destes frutos muitos dias seguidos, põem-nos de parte e preferem-lhes qualquer outra coisa que apareça entretanto. Muitas vezes não associamos os porcos ao asseio, mas, quando isso lhes é permitido, os porcos podem ser mais minuciosos com a comida e com outros hábitos que os próprios cães. Quando lhes oferecem qualquer coisa desconhecida para comer, os porcos cheiram-na e depois dão uma pequena dentada. Quando vivem em liberdade, cerca de 90%  da sua alimentação é baseada em plantas. Consiste normalmente em frutas, raízes, sementes e tuberosas. Talvez seja por essa razão que a sua carne é a que mais se assemelha à carne humana, o que é de certa forma desconcertante, sobretudo se tivermos em conta que cerca de 40% de toda carne consumida no mundo é de porco.





Tal como as pessoas, os porcos evitam as temperaturas muito baixas e muito elevadas. Como apenas têm glândulas sudoríferas no focinhos, é muito importante para eles não deixarem que a sua temperatura suba exageradamente. A água não é eficaz a arrefecê-los, uma vez que se evapora muito rapidamente, mas a lama, pelo contrário, oferece-lhes um meio de arrefecimento que não apresenta o inconveniente da evaporação rápida.. É por essa razão que os porcos, tal como os elefantes, sentem necessidade de se rebolar na lama. A lama protege a sua pele sensível das queimaduras solares, e também das moscas e de outros parasitas. Assim, isso não significa que os porcos são pouco asseados:pelo contrário. Os porcos não defecam perto do lugar onde dormem ou comem. Essa é alias uma das suas principais características. Kim Surla, do santuário para animais do Norte da califórnia Animal Place,  viu muitas vezes um porco velho e com problemas de artrite levantar-se de manha, erguer o seu corpo rígido com uma dificuldade enorme e depois arrastar-se uma distancia considerável, para se afastar do celeiro onde dormia e urinar. Dificilmente podemos imaginar o sofrimento desses animais quando ficam confinados a um espaço reduzido que se recusam a chafurdar.



Muitas pessoas tem achado desconcertante olhar um porco nos olhos. Isto sucede porque temos frequentemente a impressão de ver outra pessoa olhar-nos de frente. Os porcos tem olhos pequenos, com uma vista fraca, e dão a impressão de estar a esforçar-se por ver melhor, como se quisessem perceber bem o mundo que os rodeia. Muitas vezes parecem ter um olhar sonhador


De forma muito semelhante aos seres humanos, cada porco é um indivíduo. Alguns porcos são independentes e agressivos e não se deixam ir abaixo com as dificuldades. Outros são ultra-sensíveis e sucumbem à tristeza, e mesmo à depressão, com facilidade.

Muitas pessoas que convivem com porcos tem observado como estes são delicados quando bem tratados. Tal como os cães, parecem ter uma grande capacidade para se mostrar gratos e para perceber quando gostam deles. Evidentemente, também tem capacidade para retribuir.

Várias gerações de criadores sabem que os porcos espertos aprendem a abrir o trinco das pocilgas. Em 1789, o naturalista britânico Gilbert White escreveu sobre um porco assim, uma porca que depois de abrir todos o seu trinco "costumava abrir todos os portões seguintes e dirigir-se sozinha a uma quinta distante onde havia (um macho); e quando  cumpria o seu "objectivo", regressava pelo mesmo percurso.

Os cientistas documentaram um tipo de linguagem suina, e os porcos atendem ao chamamento (seja feito por humanos ou entre porcos), brincam com brinquedos (e tem preferidos) e já foram observados a acorrer em auxílio de outros porcos em apuros. O doutor Stanley Curtis, um cientista favorável à indústria animal, avaliou empiricamente as capacidades cognitivas dos porcos treinando-os a jogar um jogo de video com um joystick modificado p/ o focinho. Os porcos não só apreNderam a jogar como o fizeram tão depressa como os chipanzés, demonstrando uma capacidade espantosa de representação abstrata. E a lenda dos porcos que abrem trincos prossegue. O doutor Ken Kephart, colega de Curtis, confirma a capacidade de os suínos o fazerem e acrescenta que os porcos, muitas vezes, trabalham aos pares e regra geral, regressam ao local do crime, e em certos casos, abrem os trincos dos outros porcos. 

Os porcos reconhecem os seus nomes, e abanam as caudas quando estão contentes


Em muitos centros de criação industrial, os porcos são frequentemente acalmados com sedativos e mantidos na penumbra ou num ambiente escuro, onde a única coisa que podem fazer é comer e dormir durante vinte e três horas por dia. Ora, isto tira aos porcos qualquer alegria de viver. Engordados ao ponto de serem forçados a manter-se imóveis, com as caudas cortadas, sem dentes (que lhes são retirados), o seu instinto natural de investigar inibido pelo chão gelado de cimento, o seu desejo de ordem destruído pela necessidade de se manterem todo o dia num espaço minúsculo, o seu sentido de asseio contrariado pela necessidade de urinarem e defecarem no espaço onde dormem – o que nenhum porco que vivesse em liberdade o faria – os porcos tronaram-se irreconhecíveis. 




Alguns são de tal forma gordos que tem dificuldade em manter-se sobre as próprias pernas. Os leitões são retirados a mãe quando tem aproximadamente três semanas e em seguida são levados para lugares com chão de cimento e barras metálicas, onde começa a sua engorda. Ainda mais tarde são deslocados para outro local, onde vão crescer ou “ser acabados” e, por volta dos seis meses quando pesam aproximadamente 120 quilos, são mortos. As mães desses leitões são mantidas em pequenas pocilgas e currais, ou ainda numa espécie de jaulas especiais para gestação (com cerca de 50 centimetros de largura) e quatro meses depois do nascimento dos leitões são transferidas para outros lugares onde o espaço mal chega para se porem em pé ou para se deitarem. Nestes sítios não tem direito á palha (para se deitarem (considerada demasiado cara) Sem poderem fazer qualquer exercício ou sequer mexerem-se, tornam-se demasiado pesadas (que é de resto o objectivo deste tratamento) e começam muitas vezes a sofrer de problemas nas pernas. Psicologicamente tornam-se neuróticas, como dizem os criadores, e mordem as barras metálicas dos currais, sentam-se como os cães,mas com ar alheado, ou seja, com todos os sinais de luto pela perda de seus leitões. 





















É então que chega o momento do matadouro.
Tendo perdido toda a curiosidade, instinto gregário e confiança em si mesmos, os porcos de criação industrial perdem todas as qualidades naturais. Parece propositadamente que tudo aquilo que qualquer porco tem tendência natural para fazer é subvertido, suprimido, extinto. A vida do porco foi distorcida, pervertida, deformada, retorcida para além de qualquer possibilidade de reconhecimento. Não lhes é permitido viver nenhuma das suas vidas no mundo exterior. Nunca chegam a ver a luz do sol.















2 comentários:

  1. Que tristeza! Meu mundo ideal seria aquele no qual nenhum animal serviria de alimento ao ser humano....

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  2. Gostei da materia muito interessante



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